Estamos iniciando a terceira década do século XX, um período invadido por multitelas, convergências, interações hipermidiáticas, altíssima tecnologia... Ao mesmo tempo, estamos passando por um momento de turbulências, sobretudo nos aspectos sanitários, com a catástrofe pandêmica do novo coronavírus. Se por um lado precisamos cuidar de nossa saúde mantendo o distanciamento social e ficando em casa, por outro isso fez aumentar consideravelmente o consumo de produções de ficção seriada (TREVIZANI, 2020).
Das mais variadas formas de se expressar pela imagem em movimento em comunhão com o som, as telenovelas continuam em evidência, exatamente 70 anos após sua primeira manifestação, em meados de 1951, com a exibição de Sua Vida Me Pertence, pela extinta TV Tupi de São Paulo (VAIANO, 2017). Com a passagem das sete décadas, muitos recursos narrativos, estilísticos, dramatúrgicos e tecnológicos foram incrementados à convencional matriz melodramática, mas o formato mantém a aceitação do público.
Como justificar o impacto da telenovela na sociedade brasileira, em plena era de ascensão das séries de streaming, das webséries, das séries para Instagram, entre os mais variados modos de fazer ficção seriada e as mais variadas plataformas para sua veiculação? O título deste livro nos dá uma resposta rápida e objetiva para isso: telenovela é a ficção popular do Brasil, bate à porta da periferia e da high society, conversa com o porteiro e com o dono do condomínio, passeia pelas grandes capitais e pelo interior de mais difícil acesso.