A COLUNA PRESTES E LAMPIÃO: UMA PELEJA NOS SERTÕES DO NORDESTE DO BRASIL
Helissandro Rocha da Silva
ISBN: 978-65-5889-268-7
DOI: 10.46898/rfb.9786558892687
Presentation
Esta obra se destina a fazer reflexões sobre os sertões do Nordeste do Brasil, no espaço-tempo da década de 1920, quando das travessias da Coluna Prestes entrementes ao cangaço, no chamado “tempo de Lampião”, que estiveram envolvidos na forja de uma estratégia do governo federal para combater os tenentistas. A Coluna Prestes penetra na região que hoje constitui o Nordeste pelo Maranhão, atravessou o rio Parnaíba e chegou no Piauí. Daí promoveu uma marcha rumo a capital Teresina, onde ocorreu um “cerco vexatório” à cidade.
Das disputas entre os ditos legalistas e os tenentistas no ínterim do natal de 1925 ao ano novo de 1926, resultou na prisão de um dos principais líderes do movimento, qual seja, Juarez Távora. Teresina foi usada pelos ditos “revoltosos” como se fosse o portal de entrada nos sertões nordestinos, eles marcharam para rasgar as fronteiras do Piauí com o Ceará. Enquanto isso, neste último já estavam formados os destacamentos de guerra móvel denominados de batalhões patrióticos, que no Ceará eram comandados pelo deputado federal Floro Bartolomeu da Costa que fez tratativas diretas com o presidente da República Arthur Bernardes.
A finalidade destes batalhões patrióticos era combater a Coluna Prestes e por fim no movimento. O maior rebuliço aconteceu no Juazeiro do Norte (CE), quando o cangaceiro Lampião foi incorporado nestes batalhões para lutar contra Prestes e seus companheiros. Se o convite a Lampião foi feito por Floro Bartolomeu, o anfitrião do bandoleiro, na cidade do Juazeiro foi padre Cícero que lhe entregou armamentos e munições fornecidos pelo exército brasileiro, o suficiente para Lampião aterrorizar o sertão por mais 12 anos.
A peleja do Lampião “legalista” para combater a Coluna Prestes repercutiu na imprensa nacional, através dos jornais, que se constituem em fontes neste trabalho. Inerente aos jornais nossa abordagem é atenta à periodicidade, ao alcance, a polifonia dos textos, a produção multiautoral, a interação entre informação e discursos, a busca de vários segmentos leitores, efeito de realidade e abrangência de assuntos. A estratégia de jogar Lampião para combater a Coluna Prestes reverberou no plenário do Congresso Nacional, por meio de múltiplas vozes, os discursos proferidos pelos tribunos muitas vezes eram baseados em notícias contidas nos jornais.
Daí outras preocupações surgiram na análise destes periódicos. Uma delas, o lugar de produção, ou seja, a inserção econômica, os anunciantes, os proprietários, os editores e colaboradores; o conteúdo, a linguagem e o estilo geral; a recepção, os segmentos de leitores. Nos discursos colhidos do Congresso Nacional observou-se uma polarização entre os parlamentares. Um grupo que apoiava o governo, os ditos legalistas e a oposição que tendia a ser simpatizante do movimento tenentista. Entretanto, a incorporação de Lampião aos batalhões patrióticos contra Prestes, foi talvez, o alvo das maiores críticas.
Por fim, as relações da Coluna Prestes com os sertanejos andaram longe de serem pacíficas, devido as requisições compulsórias dos animais de sela, pois, o cavalo servia como instrumento de transporte e trabalho, “era um bem de produção” naquela sociedade pastoril. Os tenentistas praticavam o que Graciliano Ramos afirmou ser o maior crime do sertão nordestino, o roubo de cavalo. Entretanto, ao chegar na Chapada Diamantina (BA), a Coluna Prestes promoveu um regresso para o exílio que durou até fevereiro de 1927, enquanto isso, nos sertões presenciávamos uma luta pelo desarmamento e a pacificação, diante do domínio pelo terror exercido por Lampião.
Publication date:
14 de dezembro de 2021 23:00:13