Este estudo investiga a constituição do sujeito com alterações significativas de linguagem. Fundamenta-se na filosofia dialógica de Bakhtin, explorando conceitos como heteroglossia, enunciado e interdiscurso, para contextualizar o problema da construção social da deficiência. O objetivo principal foi analisar a ressignificação de marcas discursivas cristalizadas sobre a deficiência, promovendo a constituição de um sujeito ativo no processo linguístico. A pesquisa é qualitativa, configurada como estudo de caso-ação-colaborativa. Acompanhou uma criança com espectro autista, por dois anos em ambiente escolar, observando suas interações e práticas de comunicação. Os achados revelam a ressignificação de discursos pré-estabelecidos sobre a deficiência, exemplificado pela interpretação dos "tapas" de Laura como válidas tentativas de comunicação. A escola demonstrou ser um espaço potente para a construção do sujeito, evidenciando a natureza processual das mudanças nas interações. Conclui-se que a ressignificação das práticas discursivas, alinhada com referências contemporâneas sobre inclusão, é fundamental para que o sujeito com alterações de linguagem assuma uma posição ativa, transformando significados e ampliando suas possibilidades interacionais na escola.