O estudo realiza uma análise discursiva materialista da frase “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, seremos uma grande nação”, proferida por Jair Bolsonaro em campanha de 2022, categorizando o estudo como uma análise da situação do discurso religioso-político no Brasil contemporâneo. Utilizando o referencial teórico de Michel Pêcheux, o texto propõe desvendar como a materialidade do discurso articula ideologia, memória discursiva e constituição do sujeito, especialmente na fusão entre religião, moralidade e política. O estudo opera na perspectiva de que o discurso não é mero reflexo da vontade consciente do sujeito, mas efeito de estruturas ideológicas produzidas historicamente e ativadas na enunciação. A análise evidencia que o enunciado de Bolsonaro mobiliza interdiscurso tradicionais — como a promessa de redenção nacional e o recurso à fé como critério de pertencimento — recriando consensos e exclusões simbólicas no imaginário nacional, enquanto reforça posicionamentos conservadores e legitima práticas excludentes. O trabalho conclui que tal frase atua como condensador de memórias discursivas e estratégias de poder, naturalizando certos sentidos e marginalizando outros, ao mesmo tempo em que estimula resistências plurais na sociedade civil. O estudo contribui para a compreensão de como o discurso político-religioso configura subjetividades, delimita identidades e disputa a narrativa sobre o que é ser uma “grande nação”.