O estudo da História remonta a priscas eras, remontando por vezes ao grego Heródoto quando se perquire um possível patriarca de tal saber no Ocidente, o que por si só é objeto de problematizações na perspectiva decolonial e pós-moderna. Todavia, a Historiografia como abordagem científica da História pode ser considerada um produto do século XIX e do cientificismo, determinismo e materialismo que caracterizou este período no âmbito tanto da Filosofia quanto das ciências, especialmente no segmento das Humanidades.
Ao longo do século XX, entretanto, o estudo da História toma novos rumos, na medida em que o imaginário converte-se no epicentro do recorte lógico em sua pesquisa. Não mais se constitui em repertório intelectual privilegiado na Historiografia a mera soma de datas e fatos históricos circunscritos por uma abordagem supostamente imparcial, descontextualizada da abordagem sociológica e filosófica subjacente à análise historiográfica. Logo, a compreensão de outros segmentos das Ciências Humanas torna-se fundamental para a Historiografia após o século XX, como aponta o historiador britânico Peter Burke.
Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade, nesse sentido, tornam-se elementos predominantes na epistemologia e pesquisa em Ciências Humanas no período pós-moderno, com esteio nas ideias do filósofo francês Edgar Morin. Premente a necessidade, pois, para que uma obra no espectro das Humanidades seja considerada pela intelligentsia de determinada sociedade, que ela não se limite aos vértices exclusivos de um saber, mas que dialogue com múltiplos saberes.