[...] Os capítulos do livro permitirão aos leitores conhecer o lugar sócio geográfico dos autores/as, compreender as suas experiências como gestor do Programa, formadores, estudantes e as principais questões que emergiram ao longo desse um ano e meio – mais precisamente, trata-se de miradas autobiográficas, relatos de experiências e análises de elementos que se mostraram relevantes no âmbito dessa experiência (tais como: alfabetização, educação infantil e ensino fundamental, desafios docentes, ensino remoto, tecnologias, diversidade religiosa e infraestrutura escolar).
Como uma das primeiras leitoras da obra, destaco para aqueles/as que me seguirão: todas essas questões encontram-se atadas ao exercício que marca todos os capítulos, o de relatar experiências, analisá-las e consolidar o processo de formação e iniciação à docência por meio desses relatos. No livro “Dois Irmãos”, Milton Hatoum escreveu que: “[...] as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, ascenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou” (HATOUM, 2004, p. 244). E adiciono, que sorte a nossa que os autores e autoras da presente obra permitiram-se colocar suas palavras sob forma de relato de experiências em estado de latência, pois com isso temos a chance de realizar uma incursão pelo Núcleo Alfabetização do PIBID/UFAM a partir das vozes dos agentes que tornaram possível a materialização deste Programa em plena pandemia.
Esta obra é, portanto, um convite à reflexão em torno da pandemia, suas consequências sobre o campo educacional e, mais especificamente, sobre a formação e a iniciação à docência no Amazonas. Sem perder as esperanças de criar em tempos atípicos, os autores e autoras registram aqui um exercício bastante relevante para as futuras edições do PIBID, a saber: construir uma formação docente crítica, comprometida com a realidade social na qual e para a qual se materializa e, mesmo em meio a uma pandemia, não perder a capacidade de fazer-se constelação, e dançar, e cantar e, quem sabe, até fazer chover.
Manaus, julho de 2022.
Dra. Camila Ferreira da Silva
DMT/PPGE/FACED/UFAM